Como evitar queda na 3º idade?
Antes de falarmos sobre as causas que levam o paciente idoso a cair, temos que entender como funciona o nosso sistema de equilíbrio. Primeiro, temos que ter em mente que o equilíbrio é uma função extremamente complexa. Onde participam diversas estruturas e sistemas. Ela depende da informação vestibular (labirinto), visual e proprioceptiva (articulações e músculos). Desta maneira temos a informação do ambiente em que estamos, da superfície e da posição da cabeça em relação a gravidade. Essas três informações são integradas e processadas no sistema nervoso central, que fará o ajuste necessário para a manutenção do equilíbrio tanto estático, quanto no movimento.
Como é processo de avaliação?
Quando recebemos um paciente com queixa de desequilíbrio, temos que pensar em todas essas questões que foram ditas anteriormente. Sendo assim, perguntamos se existem queixas em cada uma dessas funções:
- Existem queixas visuais?
- Existem problemas articulares e musculares?
- Como é a característica da tontura?
- Existe alteração na sensibilidade (principalmente nos pés)?
- Existe alguma doença de base que possa estar relacionada?
- Quais são as medicações de uso contínuo?
- Se houve queda, saber em que condições ela ocorreu? Sempre ter em mente a possibilidade do paciente ter tido uma síncope.
Estabelecendo uma estratégia terapêutica.
A partir da avaliação, temos que investigar em qual dessas principais funções (visual, vestibular ou articular) o paciente tem alteração. Estamos diante de uma doença? Ou estamos diante de várias pequenas alterações decorrentes do processo natural de envelhecimento? Muitas vezes, o paciente idoso tem um pouquinho de comprometimento em cada um desses sistemas, fazendo com que o somatório dessas alterações desencadeie uma queixa de desequilíbrio.
Principais alterações que levam ao desequilíbrio.
Visual:
- Diminuição da acuidade visual;
- Comprometimento da adaptação à baixa luminosidade;
- Alteração da percepção de profundidade;
Obs: Muita atenção aos óculos bifocais, pois devido ao paciente idoso ter uma dependência visual muito grande para manutenção do equilíbrio, ele anda olhando para baixo, desta maneira podendo desviar de obstáculos. Como a parte de baixo da lente foi feita para o paciente ler a uma curta distância (em torno de 30 cm), ao olhar para o chão á uma distância maior, a percepção de profundidade ficará alterada, aumentando o risco de queda.
Alterações sensitivas
- Mesmo sem doenças neurológicas o paciente idoso pode ter alterações sensitivas, principalmente em membros inferiores. Podendo levar a uma diminuição da percepção tátil dos pés e da propriocepção.
- Neuropatia diabética: Esses pacientes podem ter perda sensitivas nos pés, por alterações metabólicas que afligem os nervos periféricos.
- Estenose do canal vertebral: O estreitamento do canal leva a uma compressão das estruturas nervosas e consequentemente perda de sensibilidade nos pés.
Alterações vestibulares
- Semelhante aos exemplos citados acima, o paciente idoso pode ter uma diminuição da capacidade vestibular mesmos sem ter uma doença específica. Afinal, o próprio processo natural de envelhecimento pode levar a perda de 20-40% de células ciliadas, bem como uma diminuição neuronal do nervo vestibular podem levar o indivíduo a um processo de perda de equilíbrio.
Alterações musculares e articulares
- Após os cinquenta anos, temos uma perda de 10% de massa muscular a cada década. Fazendo com que o paciente tenha menos resistência muscular e se canse cada vez mais rápido. Consequentemente evitando atividades que envolvam esforço físico, reforçando assim, ainda mais essa perda de condicionamento físico.
- Problemas ortopédicos, como artrose e etc. Limitam a amplitude do movimento facilitando quedas.
Uma atenção importante para o uso contínuo de medicamentos. Estudos demonstraram que a utilização de 4 ou mais medicamentos aumentam o risco de queda. E alguns medicamentos mesmo sendo utilizados de maneira individual também aumentam esse risco: Sedativos e hipnóticos, antidepressivos, anti inflamatórios e etc.
Ao final dessa avaliação temos que ter uma hipótese diagnóstica para em seguida iniciar um plano individual de tratamento. Dessa forma, os exercícios devem ser direcionados de maneira proporcional aos déficits apresentados pelo paciente. Assim sendo, devemos ao final do tratamento ter restabelecido e aprimorado todas as disfunções apresentadas pelo paciente no momento da avaliação. Desta maneira, chegamos ao objetivo do texto de “como evitar queda na 3º idade?”.