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Cefaleia – Dor de cabeça

Cefaleia é uma condição extremamente comum, estima-se que cerca de 75% da população mundial irá ter pelo menos um episódio de dor de cabeça a cada ano. Na maioria dos casos, a dor costuma ser leve e de fácil resolução, bastando um descanso ou uma boa refeição para melhorar. Porém em alguns casos, a cefaleia pode ser extremamente incapacitante, tanto pela intensidade quanto pela sua duração. Algumas pessoas podem se queixar de dor por meses, anos e em alguns casos, por toda a vida.

Podemos separar a cefaleia em dois grandes grupos: Cefaleia primária e secundária.

Cefaleia primária

Na cefaleia primária a dor não vem associada a nenhuma patologia, neste grupo temos 3 principais tipos:

  • Cefaleia tensional;

  • Cefaleia em salvas;

  • Enxaqueca.

Cefaleia tensional

Provavelmente a mais comum nos consultórios, e onde o nosso tratamento tem maior poder de atuação. Apesar de sua causa ainda não ser completamente conhecida, sabemos que fatores músculo-esqueléticos, como pontos musculares dolorosos e tensão muscular, apresentam grande influência no seu desenvolvimento e permanência.

Fatores de hipersensibilização do sistema nervoso e alterações de neurotransmissores, em particular serotonina e óxido nítrico, também desempenham um papel importante no aumento da atividade nas vias de transmissão de dor no cérebro.

A cefaleia tensional é geralmente descrita como uma dor em “aperto”, atingindo os dois lados da cabeça, nuca e testa. Dor no pescoço e nos ombros também são comuns.

A dor pode variar de leve a moderada, não lateja e não vem acompanhada de náusea e vômito.

Estudos mostram que sua prevalência ao longo da vida na população em geral podem alcançar 78%. Desses a maioria tinham cefaleia tensional episódica de baixa frequência (1 vez ao mês); 30% tinham várias crises ao mês; 10% tinham crises semanais e 3 % apresentavam cefaléia tensional crônica (crises diárias).

Diagnóstico diferencial entre Cefaleia tensional e enxaqueca

Características                            cefaleia tensionalenxaqueca
Mulher\Homem60-40 %75-25 %
LateralizaçãoBilateral difusaGeralmente unilateral
LocalizaçãoDifusaFrontal, periorbital, temporal
Frequência1-30 por mês1-4 por mês
SeveridadeLeve a moderadaModerada a severa
DuraçãoHoras a dias4-72 horas
CaracterísticasConstante em “aperto”Latejante e pulsátil
Trigger pointsSimSim
Outros sintomasEventualmente fono e fotofobia.Náusea, vômitos, alterações visuais, fono e fotofobia.

Enxaqueca

A enxaqueca é uma doença extremamente incapacitante, de alta prevalência, atingindo 15% das mulheres e 6% dos homens. Suas apresentações clínicas clássicas são: Dor unilateral, pulsátil, de intensidade moderada a severa, durando em torno de 7 a 72 Horas. Geralmente associada com náuseas e vômitos, alterações visuais. Fono e fotofobia podem estar presentes. A enxaqueca apresenta 2 grupos, enxaqueca com aura (em cerca de 15% dos pacientes) ou sem aura.

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Cefaleia em salvas

Tipo extremamente raro, atingindo cerca de 0,1% da população. Dor extenuante, muito pior que a da enxaqueca. Dor sempre unilateral, associada com vermelhidão do olho, edema em pálpebras, coriza e lacrimejamento do mesmo lado da dor. Diferente da enxaqueca o paciente não apresenta náuseas e fotofobia. As crises podem durar de 30 a 120 minutos, podendo ocorrer até 5 crises num único dia. As crises são diárias e podem durar de algumas semanas a meses. Após esse período o paciente pode ficar por anos sem novas crises.

Cefaleia secundária

Dor de cabeça que vem como consequência de alguma patologia. Como por exemplo: sinusite, gripe, desordens vasculares e etc. Nesta categoria de dor existe um tipo de cefaleia onde a fisioterapia desempenha um papel fundamental no tratamento. A cefaleia cervicogênica.

Cefaleia cervicogênica

Dor de cabeça de caráter crônico, onde temos como fonte primária as primeiras vértebras cervicais e a relação atlanto-occipital. A dor costuma irradiar para regiões de cabeça e face.

Suas principais apresentações clínicas são:

  • Dor geralmente unilateral;
  • Aumento da dor com movimentos cervicais;
  • Tensão e dor em coluna cervical alta;
  • Fraqueza da musculatura cervical estabilizadora;
  • encurtamento dos músculos trapézio superior, ECOM, escalenos, levantador da escápula, peitoral maior e menor e extensores sub-occipitais.

Entre as opções de tratamento conservador as melhores evidências suportam a utilização de exercícios terapêuticos e terapia manual.

A articulação zigapofisária entre C2-C3 é a fonte mais provável de cefaleia cervicogênica.

O mecanismo da cefaleia cervicogênica ocorre pela convergência de aferentes cervicais e trigeminais, ou dos aferentes cervicais no corno posterior dos segmentos espinhais de C1-C3.

Tratamento dos tipos de cefaleia

A Fisioterapia tem demonstrado excelentes resultados no tratamento das cefaleias, principalmente os tipos tensional, enxaqueca e cervicogênica.

O objetivo vai depender do tipo e da cronicidade de cada caso:

  • Manipulação vertebral: Técnicas onde o terapeuta realiza manobras nas vértebras cervicais. Podendo ser desde técnicas suaves oscilatórias até manobras rápidas onde buscamos o efeito de cavitação articular (Também conhecido como técnica de AVBA ou ajuste vertebral quiroprático).

A terapia manual tem se demonstrado ser tão eficiente na prevenção e tratamento da enxaqueca quanto medicamentos. Ela também demonstrou ser eficaz em diminuir a intensidade e a duração da crise.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3072494/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15953306

https://www.liebertpub.com/doi/abs/10.1089/acm.2009.0673

  • Acupuntura: Estudos tem demonstrado que a acupuntura apresenta resultados semelhantes quando comparado a terapia medicamentosa contínua. Além de ser eficaz para efeito duradouro e diminuição da utilização de medicamento.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16545747

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17868354

  • Exercício terapêutico: talvez a forma mais eficiente de tratamento. Podendo ser exercícios de estabilização segmentar, (exercícios específicos que tem como objetivo o fortalecimento de grupos musculares que tem como função a estabilização das vértebras cervicais). E Método Mckenzie, conceito de diagnóstico e terapia mecânica, onde identificamos disfunções mecânicas nas vértebras cervicais e com movimentos específicos ou posturas mantidas normalizamos a função na região. Como consequência temos a redução da dor e a diminuição da tensão muscular.

https://gupea.ub.gu.se/handle/2077/28006

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18572431